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quarta-feira, 23 de junho de 2010

SAÚDE PÚBLICA : SAÚDE E SOCIEDADE

SAÚDE PÚBLICA : SAÚDE E SOCIEDADE

A questão da saúde humana é tratada desde o surgimento da escrita. Quando recorremos a documentos históricos nos deparamos com diversas experiências empíricas individuais e coletivas que visavam curar ou minimizar o sofrimento tanto do homem individual como do homem coletivo. Entre os vários documentos que surgiram sobre medicina no estudo da Egiptologia podemos considerar dois como fundamentais. São eles: ”O papiro de Smith e o papiro de Ebers”, ambos adquiridos em Tebas, o primeiro por Edwin Smith, em 1862, e que se encontra atualmente no Museu Britânico, e o segundo por G.M. Ebers que se encontra atualmente na biblioteca da Universidade de Leipzig. O primeiro papiro de 5 metros de comprimento é um perfeito tratado de cirurgia óssea e de patologia interna. O segundo papiro, de 20 metros de comprimento, contêm 46 diagnósticos e cerca de 50 receitas misturadas a uma infinidade de formulas mágicas e astrológicas que talvez servissem para serem utilizadas como meio de auto-sugestão para pacientes.

A medicina Egípcia era famosa em todo o mundo antigo. Homero, na sua Odisséia mencionou-a: No Egito, mas que qualquer outro lugar, “todos sabem da cura pela arte divina”. 

A mais famosa entre as escolas de medicina era a de Saís, sendo considerada a primeira universidade do mundo. Quanto ao aborto era severamente punido, e, citando Diodoro Sicolo, provavelmente existia uma certa forma de órgão assistencial, já há dois ou três mil anos antes que a Inglaterra iniciasse esse tipo de atividade. Logo, podemos suspeitar que o Egito antigo iniciou os primeiros passos rumo ao que conhecemos atualmente como saúde coletiva.(Mella.F.A.A, 1981. Hemus-Livraria Editora Ltda).






Durante os tempos medievais a medicina fez pouco progresso, seu desenvolvimento ocorreu unicamente através da maior associação com a astrologia. Entretanto, as mudanças começaram a ocorrer vagarosamente depois que textos de medicina mulçumanos passaram a circular no ocidente, no século XII. O primeiro efeito observável começou na Itália na Universidade de Bolonha, onde, em 1312, Modino de Luzzi completou sua Anatomia Mundini. (Medicina e Saúde, História da Medicina, Vol II. São Paulo. 1970).

Outro passo importante para o desenvolvimento da medicina e conseqüentemente para a medicina social foi à invenção do telescópio, ainda de origem obscuras, que como se sabe hoje deu origem ao microscópio. A lente de aumento tornou-se conhecida, certamente, no século XIII, cortadas e polidas pelo microscopista holandês Aton Van Leeuwenhoek. Em seu inicio prevaleceu à microscopia mono ocular, entretanto, ampliações realmente eficientes só foram conseguidas com microscópios compostos, dotados de no mínimo duas lentes. Há indícios de que Galileu fez experiências com esse tipo de instrumento.(Medicina e Saúde, História da Medicina, Vol II. São Paulo. 1970).

Em 1665, o microscopista Robert Hook, descobriu a célula, e publicou um memorável e admirável tratado sobre microscopia chamado de “Micrografia”, que incluía não apenas a descrição de seu microscópio como também os objetos observados.(Medicina e Saúde, História da Medicina, Vol II. São Paulo. 1970).

A invenção do microscópio trouxe uma nova dimensão para a o estudo da medicina individual como também para o estudo da medicina coletiva e embora seus resultados não tenham sido tão espetaculares quanto os obtidos com o telescópio aplicado pela primeira vez no estudo da astronomia, eles, da mesma forma levaram a resultados significativos e bastantes surpreendentes para a área da saúde.(Medicina e Saúde, História da Medicina, Vol II. São Paulo. 1970).

No século XVII, vários “novos filósofos” utilizaram o microscópio em estudos biológicos, sendo que os mais notáveis dentre eles foram Robert Hook, Jan Swammerdam, Marcelo Malpighi, Nehemiah Grew e Aton Van Leewenhoek. A Micrografia de Robert Hook foi apresentada, em Londres em 1665. .(Medicina e Saúde, História da Medicina, Vol II. São Paulo. 1970).

De todos os microscopistas pioneiros o mais importante sem duvidas foi Leewenhoek cujo trabalho envolveu a última metade do século XVII e as primeiras décadas do século XVIII. A questão da saúde coletiva era conhecida pelos seus efeitos através das constantes endemias, epidemias e pandemias que assolavam todo o mundo, porém os pesquisadores não tinham em mãos os instrumentos necessários para conhecerem suas causas. A descoberta do microscópio e sua aplicação em pesquisas médicas contribuíram decisivamente para o desenvolvimento do paradigma da saúde coletiva.(Medicina e Saúde, História da Medicina, Vol II. São Paulo. 1970).

Na Europa Ocidental, a vacinação iniciou-se de forma incipiente e somente se difundiu após a defesa do método feito por Lady Mary wortley Montagu, esposa do embaixador britânico na Turquia. Enquanto estava em Istambul Lady Mary ouviu falar dessa prática e concordou que seu filho de seis anos fosse vacinado contra a varíola, e ao regressar à Inglaterra, em 1718, começou uma campanha para promover a vacinação da população. Conseguiu algum sucesso, pois em 1721 o Príncipe de Gales (futuro Rei Jorge II) expediu instruções para que alguns criminosos fossem vacinados.(Ronan , C.A, A História Ilustrada da Ciência. Universidade de Cambridge).

Paradoxalmente, o homem que revolucionou a medicina no século XVIII não era médico, mas sim químico e biólogo, e chamava-se Louis Pasteur que desenvolveu um trabalho brilhante nas áreas de microbiologia e de vacinas abrindo caminho para o estudo mais eficiente da saúde coletiva. Paralelamente, outros pesquisadores realizaram trabalhos importantes para a identificação de microorganismos que efetivamente eram agentes etiológicos causadores de diversas doenças o que contribuiu decisivamente para o avanço da medicina e conseqüentemente da saúde coletiva. Podemos destacar o trabalho desenvolvido por Robert koch na identificação do agente etiológico causador da tuberculose dentre outros igualmente importantes.(Medicina e Saúde, História da Medicina, Vol II. São Paulo. 1970).

Outro evento marcante para o desenvolvimento da medicina e também da saúde coletiva foi à descoberta da penicilina por Alexandre Fleming, em 13 de maio de 1923. Entretanto, somente doze anos depois os pesquisadores Florey e Chain de Oxford, Inglaterra, chefiando um grupo de químicos e bacteriologistas isolaram um preparado de penicilina que se mostrou bastante eficaz, em doze de fevereiro de 1941. .(Medicina e Saúde, História da Medicina, Vol II. São Paulo. 1970).

No Brasil, segundo a história, o primeiro médico que veio para ficar na nova terra foi Jorge Valadares que veio acompanhando Tomé de Souza e Manoel da Nóbrega e que ocupou o cargo de físico-mor em Salvador. Na história da medicina brasileira verificamos que a assistência pública no País teve sempre entregue as enfermarias jesuíticas e as santas casas de misericórdia. .(Medicina e Saúde, História da Medicina, Vol II. São Paulo. 1970).

A medicina experimental brasileira iniciou-se com Oswaldo Cruz que, em 1900, que, assumiu a direção técnica do Instituto Soroterápico no Rio de Janeiro, em Manguinhos, e que deu origem a atual Fundação Oswaldo Cruz que hoje pode ser considerada a Instituição de maior prestígio nacional e internacional na área de pesquisa em saúde sendo no Brasil. Em 1903, Oswaldo Cruz foi nomeado diretor da saúde pública, no governo de Rodrigues Alves, e logo se deparou com três problemas graves relacionadas ao combate da varíola, febre amarela e peste. Imediatamente tomou as medidas necessárias para conter e impedir o avanço das doenças utilizando um processo conhecido como “polícia médica”, de origem Alemã, o que provocou e resultou na revolta da população, fato que ficou conhecido como guerra da vacina.(Medicina e Saúde, História da Medicina, Vol II. São Paulo. 1970).

Concluindo acreditamos ser importante para qualquer profissional de saúde ter uma visão da Política de Saúde Brasileira vigente e conhecer a maneira e os cenários que contribuíram para o seu desenvolvimento através dos tempos. Para agilizar e desenvolver um bom trabalho na área de saúde é necessário se ter em mente que o hospital é uma unidade de saúde e como tal faz parte de uma rede que por sua vez faz parte de um sub sistema de saúde que por sua vez está ligado a um sistema. Para implementar uma política de saúde é necessária a existência de um sistema que, no Brasil, é representado pelo Sistema Único de Saúde (SUS), que apesar de já existir desde 1988 ainda está em fase de construção e que possuí uma base teórica bastante sólida construída ao longo dos últimos 17 anos através de legislações específicas que teremos a oportunidade de destacar posteriormente.

FONTE


WILKEN , P.R.C. POLÍTICA DE SAÚDE NO BRASIL – O Sistema único de Saúde: Uma Realidade em Construção, 2005, H.P. Comunicação Editora, Rio de Janeiro.

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