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quinta-feira, 24 de junho de 2010

SAÚDE PÚBLICA : A MEDICINA SOCIAL E SUA NATUREZA POLÍTICA E CIENTÍFICA



SAÚDE PÚBLICA : A MEDICINA SOCIAL E SUA NATUREZA POLÍTICA E CIENTÍFICA

A saúde pública apóia-se em diversos tipos de ciências, que poderíamos classificar da seguinte maneira:

·         Ciências da saúde - Que seria representada pela epidemiologia e bioestatística.
·         Ciências biológicas - Que seria representada pela farmacologia e pela toxicologia.
·         Ciência Humana - Que seria representada pela filosofia e pela sociologia.
·         Ciências sociais aplicadas - Que seria representada pela demografia.
·         Engenharia - que seria representada pela engenharia sanitária.

Todo esse conjunto formaria a Saúde Pública, e a saúde tem que ser compreendida como um estado biológico e psíquico e social.

No que se refere às ciências da saúde podemos ressaltar a importância da bioestatística que através de fórmulas e cálculos fornecem a base para o estudo da epidemiologia e que pode ser definida hoje como “o estudo dos determinantes e da distribuição de freqüências das doenças nas populações humanas” (Hennekens & Buring, 1987: 3).
Como ciência alicerça-se em quatro premissas fundamentais: (Hennekens & Buring, 1987: Gordis, 1996).

·         Que as doenças não ocorrem por força do acaso;
·         Que as doenças possuem fatores causais e preventivos;
·         Que esses fatores podem ser identificados através de investigação sistemática, ou seja, aquilo que chamamos “método epidemiológico”;
·         Que às ações sanitárias legitimas devem estar baseadas nos resultados obtidos dessa investigação

No que se refere às ciências biológicas podemos destacar a farmacologia em função de todo procedimento médico, de um modo geral, dar origem a uma prescrição ou receita que contém medicamentos, sendo esses considerados insumos básicos e estratégicos para o desenvolvimento da maioria dos tratamentos em medicina, tanto em nível individual, como em nível coletivo através dos programas de saúde que visam minimizar o impacto que determinadas nosologias prevalentes provocam na população.

O conhecimento da farmacologia também contribuiu para a elaboração da política setorial de medicamentos e de assistência farmacêutica que serve como alicerce para a utilização dos medicamentos de forma racional, com maior eficácia e menor custo resultando num serviço de melhor qualidade para a população. Uma política de medicamento e de assistência farmacêutica adequada origina padronização de medicamentos que funciona como eixo para a utilização da terapêutica de forma mais racional e efetiva. No Brasil a respectiva padronização de medicamentos é conhecida como relação nacional de medicamentos essenciais. A implantação de formulário terapêutico também contribuiu para subsidiar os profissionais de saúde quanto ao uso racional dos medicamentos padronizados, como também oferece à população a garantia de ter a disposição medicamentos mais baratos e com qualidade comprovada. O medicamento pode ser considerado como o insumo finalístico no processo saúde / doença.

A toxicologia também tem grande importância para o estudo da saúde pública em virtude das numerosas substâncias tóxicas ao organismo humano existentes no planeta. As substâncias tóxicas podem ser de origem animal, vegetal, mineral e também oriunda de um processo físico, como por exemplo, as radiações. Devemos levar em consideração que o número de substâncias tóxicas vem crescendo bastante com a evolução da química orgânica e também em função do desenvolvimento industrial nem sempre racional que produz resíduos químicos que são tóxicos ao organismo humano e ao próprio ambiente. Cabe a toxicologia conhecer detalhadamente as ações produzidas pelos tóxicos em nível orgânico, compreender os mecanismos de ações que envolvem os processos bem como o estudo e o desenvolvimento de métodos laboratoriais que posam detectar a presença dessas substâncias nos veículos utilizados pelo homem, para sua sobrevivência, como forma de prevenção, como também aliada à farmacologia buscar o tratamento adequado para as intoxicações sejam elas provenientes de qualquer origem.

No grupo das ciências humanas podemos destacar a filosofia que vem contribuindo através dos tempos para o avanço da ciência. Desde os tempos dos Gregos os filósofos tem tido participação importante nas grandes descobertas da humanidade tanto nas ciências naturais como na matemática. A filosofia através de suas observações através de métodos empíricos acaba articulando-as com a ciência aplicada. Como já foi dito, os próprios microscopistas em grande parte eram filósofos que observavam os fenômenos da natureza e procuravam através de instrumentos comprovar suas teses empíricas. Os filósofos são grandes pensadores sobre tudo que cerca o homem individual e coletivo e, portanto a filosofia tem sempre grande importância para o estudo da saúde pública ou coletiva, principalmente nas reflexões do comportamento do ser humano.

A sociologia também é uma ciência importante para o estudo da saúde pública, pois está sempre monitorando os movimentos sociais e comportamentais do homem coletivo e individual, buscando sugerir paradigmas explicativos sobre o processo de organização das comunidades através dos tempos. Sabemos hoje que os movimentos sociais são dinâmicos e a forma de organização utilizada por determinadas populações, bem como suas crenças, suas culturas dentre outras questões possuem grande influência no processo saúde / doença.

Como ciência social aplicada temos a demografia que possuí peso relevante no estudo da saúde pública. A demografia estuda a faixas etárias das populações tendo como foco determinado espaço geográfico. Através do conhecimento, através do desenho das pirâmides, da densidade demográfica de uma determinada região geográfica e da composição das faixas etárias nela inseridas é possível no recorte estudado garimpar dados que podem ser utilizados na formulação de políticas públicas e dentre elas a de saúde. A demografia através das pirâmides demográficas pode mostrar em todas as esferas governamentais representadas pela esfera federal, estadual e municipal que políticas públicas seriam mais adequadas para cada cenário avaliado.

Finalmente, temos que citar a engenharia sanitária que é responsável pelo estudo e aplicação dos parâmetros relativos e adequados ao saneamento básico de vital importância para o controle do processo saúde / doença em áreas geográficas ocupadas por determinadas populações. Sabe-se atualmente que a existência de um saneamento básico adequado, e o fornecimento de água potável através de sistemas de tratamento podem minimizar em muito o número de doenças existentes em uma determinada comunidade melhorando sensivelmente a qualidade de vida da população que possuí esses serviços. A engenharia sanitária também tem importância quando se projetam unidades de saúde, que diferem de acordo com sua complexidade, e que são classificadas em primárias (postos de saúde), secundárias (centros de saúde), terciárias (hospitais gerais e especializados) e quaternárias (hospitais universitários), pois estas unidades exigem em sua construção ou reforma a observação de parâmetros que muitas vezes escapa ao engenheiro civil.

FONTE


WILKEN , P.R.C. POLÍTICA DE SAÚDE NO BRASIL – O Sistema único de Saúde: Uma Realidade em Construção, 2005, H.P. Comunicação Editora, Rio de Janeiro.

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